A explosão ensurdecedora do vulcão Krakatoa
Um espetáculo aterrorizante com consequências fatais para milhares de pessoas, a explosão do vulcão Krakatoa o som mais alto já produzido no planeta. O ano era 1883, do dia 26 para 27 de agosto na ilha de Krakatoa, no Pacífico Sul, a ilha desapareceu numa sucessão de erupções e explosões que duraram quase um dia inteiro.
Relatos históricos indicam que, pessoas a cinco mil quilômetros puderam ouvir o som do caos, que lançou pedras a 27 quilômetros de altitude. Estudos dos registros climáticos da época indicam que os efeitos foram em escala global, a temperatura do planeta decresceu cerca de 1º C.
A erupção iniciada explosões sequenciais liberaram enormes quantidades de cinzas e gases na atmosfera. Isso foi seguido por uma série de tsunamis catastróficos que foram gerados pela queda de parte da ilha vulcânica no mar. Esses tsunamis devastaram comunidades costeiras em toda a região, causando a morte de mais de 36.000 pessoas.
O evento também causou efeitos globais significativos. A quantidade massiva de cinzas e gases lançados na atmosfera causou uma queda temporária nas temperaturas globais. O ano seguinte, 1884 teve um clima tão errático que ficou conhecido como “O Ano Sem Verão” em virtude das baixas temperaturas e falta de padrões climáticos.
A maioria das fatalidades decorreu sobretudo dos tsunamis causados pelas erupções, nas ilhas vizinhas de Java e Sumatra, as ondas chegaram a mais de 40 metros de altura.
A caldeira resultante da explosão do Krakatoa era enorme, com 16 km de diâmetro esta seguiu a ejetar magma por meses com várias erupções subsequentes. Ao fim essa vitrine da fúria da natureza viu surgir um lago e uma nova ameaça iria se apresentar algum tempo depois. Assim surgiu o Anak Krakatoa, que no idioma local, Bahasa Indonésia, significa literalmente O filho do Krakatoa.
O medo à espreita
Desde 1927 houve uma aguda renovação da paisagem local e emergiu da caldeira deixada para trás aquele que tem sido um dos mais ativos vulcões do planeta desde fins do século passado. Desse modo vemos que a preocupação dos moradores das ilhas vizinhas no Pacífico não é exagero. O novo vulcão primordialmente possuía mais de um terço da altura do seu antecessor (o Krakatoa tinha 882 metros de altitude).
Em dezembro de 2018 o filho do Krakatoa em nova catástrofe ceifou centenas de vidas dos nativos da região. O Filho do Krakatoa crescia 5 metros a cada ano desde que surgiu. Atividades sísmicas, causaram um colapso e parte da borda deslizou para o mar e então um tsunami de 4 metros varreu 400 vidas nas ilhas de Sumatra, Java e ilhas menores do estreito de Sunda.
Evitando tragédias como a explosão do vulcão Krakatoa
No ano de 2022, no começo de fevereiro surge um novo alerta para a região. A Agência Espacial Europeia (ESA) constatou por intermédio do seu satélite Sentinel-2, que o Anak Krakatoa começou a entrar em erupção novamente.
A emissão de cinzas vulcânica é um fenômeno antigo, contudo recentemente foi descoberto um novo risco associado à atividade vulcânica – o perigo à aviação. Atualmente autoridades aeronáuticas emitem alertas à aviação comercial, mas não raro erupções vulcânicas, perturbam, preocupam e paralizam a atividade aérea em determinadas regiões do globo.
De fato, isso ocorre porque as cinzas vulcânicas podem aderir às peças dos motores das aeronaves e causar panes. Aconteceu em 1982 com Boeing 747 da British Airways, que pousou em emergência após cinzas vulcânicas bloquearem três dos seus quatro motores. Desde então cientistas buscam extrair lições e concluem ser possível emitir alertas antecipados para impedir ou minimizar os prejuízos materiais e pessoais.
Ocorre que os sinais, aparentemente surgiram meses antes da última tragédia, satélites de varredura infravermelha detectaram um acréscimo na temperatura da região e perceberam também atividades sísmicas que os cientistas buscam correlacionar à tragédia recente.
Satélites e sismógrafos monitoram vulcões em todo o mundo para a modelagem e estabelecimento de algoritmos capazes de antever as indicações potenciais de eventos catastróficos no Anak Krakatoa e outros vulcões mundo afora.
Por Mark Francis