A Rota da Seda
Primordialmente A Rota da Seda é a primeira forma de globalização e uma das mais antigas e importantes rotas comerciais da história e não se limitou apenas às regiões da Ásia e Europa. O fluxo comercial ligava o Oriente Médio, Ásia Central, África e Europa. O comércio ao longo dessa rota abrangia uma variedade de produtos, ao passo que se desenvolvia nela fluíam, por exemplo, especiarias, porcelanas e joias e obviamente o produto que a nomeia, a seda. No entanto, a influência dessa rota se estendeu muito além das regiões por onde se estendia, suas influências e conexões também se estenderam até o Brasil, deixando marcas duradouras em nossa história e cultura.
A rota da seda em sua máxima extensão liga Xian na China até Antioquia compondo a maior rede comercial das idades Antiga e Média. O estabelecimento desse corredor mercantil é profundamente significativo no desenvolvimento de grandes impérios como o egípcio, chinês, persa e romano. Os reflexos da antiga rota da seda moldam a geopolítica até os dias atuais. O termo Rota da seda tem origem na denominação cunhada por Ferdinand Von Richthofen, um geógrafo alemão.
A origem e fatos interessantes
Sobretudo com fundamento nas relações comerciais entre a China e o Ocidente, o comércio, principalmente da seda teve grande expansão durante a dinastia Han entre 206 a.C. e 220 d.C.. O comércio pela rota atingiu seu apogeu na dinastia Yuan dos mongóis inaugurada por Kublai Khan. A China, antes separada do mundo por uma das maravilhas do mundo terminou por ser dominada pelos vizinhos mongóis. Juntamente com o domínio dos mongóis veio uma maior segurança no trajeto. Havia uma espécie de revezamento e troca nas cidades ao longo do caminho, nesse sentido poucos faziam todo seu percurso com mais de quatro mil quilômetros. Um desses que percorreu praticamente todo percurso foi o italiano Marco Polo. Há uma suspeita histórica com fortes indícios que aponta que a peste negra deve ter chegado à Europa vinda pela Rota da Seda.
A nova Rota da Seda
Primeiramente a apresentação ocorreu fins de 2013 por ocasião de visitas de Estado do premier chinês Xi Jinping ao Casaquistão e à Indonésia. Em seguida seu primeiro-ministro Li Kegiang em visitas pela Europa reforçou a abordagem do tema e por fim a mídia estatal chinesa massificou o tema ao longo do ano de 2016.
Posteriormente no ano de 2017, mais precisamente em 14 maio o secretário-geral do Partido Comunista Chinês Xi Jinping anunciou em um discurso a reedição da Rota da Seda, sob o título de “Belt and Road Initiative” ou “Iniciativa um cinturão uma rota” em livre tradução.
A Iniciativa Belt and Road além do estímulo ao comércio, intercâmbio cultural e a colaboração em projetos de infraestrutura, visa promover a interconectividade entre as nações envolvidas. A Rota da Seda traz consigo projetos que incluem a construção de estradas, ferrovias, portos, oleodutos e linhas de transmissão de energia. Os investimento serão da ordem de 70 bilhões de dólares.
Medo de perder
A expressão em inglês “FOMO” que é Fear Of Missing Out, atinge todos países ao longo do percurso da nova rota da seda. Há por parte de vários países o “medo de ficar de fora” caso seja bem sucedida o projeto da China. Acima de tudo é um momento de um ponto de inflexão, uma possível troca de primazia entre as potências econômicas mundiais. Os EUA , bem como União Europeia e aliados acompanham os movimentos chineses e buscam no que se beneficiar.
É importante ressaltar que os blocos econômicos mundiais veem com desconfiança a iniciativa do gigante oriental e há debates em diversos aspectos. Algumas críticas destacam a dependência econômica das nações parceiras e preocupações ambientais e sociais relacionadas à construção de grandes projetos de infraestrutura.
O que esperar da nova rota da seda
A Rota da Seda atingiu também o Brasil, em nosso país as influências culturais e artísticas estão presentes de diversas maneiras. A arquitetura colonial brasileira, por exemplo, muitas vezes apresenta elementos de design que foram influenciados pelas culturas e estilos arquitetônicos encontrados ao longo do caminho da seda. Além disso, a introdução de novos alimentos e ingredientes impactou a culinária brasileira de maneiras profundas. Especiarias e ervas trazidas ao país através das rotas comerciais ajudaram a enriquecer os sabores da cozinha local. Pratos tradicionais brasileiros, como o feijão tropeiro e o acarajé, contêm influência da interação com o Oriente. Embora tenha gerado tanto interesse quanto controvérsia, a nova rota da seda continua a moldar as dinâmicas geopolíticas e econômicas globais, é esperar para ver.
Por Mark Francis