O mito Perón
María Eva Duarte de Perón, ou apenas Evita, a mulher mais popular da história argentina, o mito vivo até hoje nos corações dos hermanos. Primordialmente um povo aguerrido tanto na política como no futebol, vive hoje uma de suas maiores crises econômicas à sombra do governo direto ou indireto de uma mulher, Cristina Kichner, entretanto o coração argentino é cativo de outra.
A Argentina é um país cheio de peculiaridades, outrora riquíssimo, havia um adágio popular no Brasil: “fulano é rico como um argentino”. O país desafiou a Grã-Bretanha pela posse das ilhas Falklands, por eles chamada Malvinas. Não guerreou com o vizinho Chile por interferência do Papa João Paulo II. Apesar disso, são no passado o peronismo e hoje o kichnerismo os fantasmas que assombram um povo que ama olhar para o passado glorioso.
A santa mãe dos descamisados
O cemitério De la Recoleta é um destino turístico carimbado da capital portenha. Plantado em um bairro nobre, lá há 19 ex-presidentes, 2 ganhadores de Prêmio Nobel e muita gente famosa, contudo não são os mais procurados. O endereço C-7, número 88, mausoléu da família Duarte é o mais visitado. No imã de afluxo constante de gente estão os restos mortais da primeira-dama e esposa do não menos carismático líder político Juan Domingo Perón.
Morta aos 33 anos de idade por um câncer uterino em 1952 Evita foi embalsamada e seu funeral durou 12 dias de pranto a nação enlutada. Para além do amor nutrido por seu povo lendas e fatos se confundem em torno da aura se santa.
Dois anos após sua morte seu marido foi deposto por um golpe militar. Estes militares, todavia receosos da idolatria crescente removeram seu corpo e enviaram para a Itália só o trazendo de volta mais de vinte anos depois, já em 1976.
Quem foi Evita Perón?
Nascida em 1919 e falecida em 1952 Eva Perón, cujo apelido carinhoso de Evita faz dela uma unanimidade foi política, atriz e primeira-dama da Argentina de 1946 até sua morte em julho de 1952.
Sua imagem é de uma mulher forte ao lado do populista Juan Domingo Perón (a quem conheceu quando este era vice-presidente e acumulava as pastas do ministério da guerra e do trabalho. Evita era extremamente carismática e defendia o interesse da população camponesa do êxodo rural, a quem ela chamava de descamisados.
Evita tem um museu em sua memória, criado em 2002, no 50° aniversário de seu falecimento, o Museo Evita conta com um acervo de objetos pessoais, nomeadamente roupas, trajes de gala, itens pessoais, além de vasto material fotográfico e publicações de sua intimidade e de sua vida pública.
Curiosidades sobre Evita Perón
Evita saiu de casa aos 15 anos em busca do sonho de ser atriz. Sua vida rendeu diversas obras e interpretações, várias foram as intérpretes de Evita no cinema e no teatro. As mais famosas Faye Dunaway no filme Evita Perón, 1981 e a cantora rainha da pop music Madonna no filme-musical Evita de 1996. Quando Evita casou em 1945 Perón tinha 50 anos, quase o dobro de sua idade.
Oficialmente ambos se conheceram em 1944, porém ela mudou o sobrenome para Duarte por intermédio de uma certidão de nascimento falsa para apagar seu passado de filha ilegítima. A elegância de Evita não era fingida, ela viveu uma breve vida cheia de luxo digna da importância do país à época.
Evita foi a responsável pelo voto feminino na Argentina, não aceitava a pecha de feminista e era declaradamente contra o divórcio. A descoberta do câncer foi tardia e Evita não o tratou devidamente, a retirada do útero não adiantou. Eva Perón ela faleceu em 26 de julho de 1952, desde então nasceu então o mito da mãe dos pobres na Argentina. A Argentina hoje é em síntese um país carente de uma direção pragmática repousa sobre o passado de glórias e mitos.
Por Mark Francis